sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Verdadeira e Perfeita Alegria



Certo dia, estando o bem-aventurado Francisco em Santa Maria, chamou o irmão Leão e disse-lhe:
- Irmão Leão, escreve
Este respondeu-lhe:
- Estou preparado,
- Escreve - disse-lhe - em que consiste a verdadeira alegria?
- Supõe que chega um mensageiro com a notícia de que todos os mestres de Paris entram na Ordem. Escreve: “Não é essa a verdadeira alegria”.
- E que, além disso, deram também entrada na Ordem todos os prelados ultramontanos, arcebispos e bispos, e ainda os reis de França e da Inglaterra. Escreve: “Não está nisso a verdadeira alegria”.
- E que igualmente os meus irmãos partiram para entre os infiéis e os converteram todos à fé. E, além disso, que eu próprio recebi muitos milagres. Pois digo-te que ainda em nada disto está a verdadeira alegria.
- Qual é, então, a verdadeira alegria?
- Supõe que eu, ao voltar da Perúsia, chegava aqui altas horas da noite. É Inverno. Está tudo enlameado e o frio é tanto que da orla da túnica pendem sincelos que abrem feridas nas pernas e as fustigam até as fazer sangrar. E, coberto de lama, gelado, a tiritar de frio, chego à porta. Depois de estar bastante tempo a tocar e a chamar, aparece o irmão e pergunta:
- Quem é?
Eu respondo:
- Sou o irmão Francisco.
E ele replica:
- Fora daqui. Isto não são horas decentes de se andar pelos caminhos. Aqui é que tu não entras.
E, perante nova insistência da minha parte, responde:
- Fora daqui. Tu não passas de um simplório, um labrego. Conosco é que não ficas. Já cá temos muita gente e não precisamos de ti para nada.
De novo me aproximo da porta para lhe dizer:
- Por amor de Deus, deixai-me ficar aqui esta noite.
Resposta dele:
- Não estou disposto. Vai ter com os crucíferos e pede-lhes que te recebam.
Se eu levasse tudo isto com paciência e sem ter perdido a calma, digo-te que está nisto a verdadeira alegria e também a verdadeira virtude e o bem da alma.
Editorial Franciscana

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